Sangue na veia! Meninas de ouro do Brasil vencem mais uma e só pensam na Russia

Para bicampeãs olímpicas não existe bola perdida. Seleção joga com vontade, vence Coreia do Sul por 3 a 0 e decide primeiro lugar do grupo com as russas

De acordo com o dicionário, cativante é um adjetivo usado para classificar àquela que cativa, que é atraente, sedutora. Porém, o torneio de vôlei feminino das Olimpíadas Rio 2016 vem mostrando, rodada após rodada, que cativante pode ter um novo significado. Afinal, justamente quando vivemos a maior crise do futebol brasileiro, que outra palavra poderia ser utilizada para explicar a vontade que as bicampeãs olímpicas mostram em quadra, na busca do terceiro ouro consecutivo? É visível entrega e a dedicação que as comandadas de Zé Roberto Guimarães mostram em todas as partidas. Se contra o Japão, Natália cortou a mão no placar eletrônico para salvar uma bola praticamente perdida, hoje foi a vez da libero Leia bater a cabeça violentamente com a levantadora Dani Lins e depois se chocar, também com bastante força, com a ponteira Natalia, tudo para não deixar a bola cair e entregar o ponto para as adversárias. Diferente das estrelas de outras modalidades, onde os atletas consagrados não dão os melhores exemplos para quem tem no esporte uma filosofia de vida, as meninas do Brasil se entregam ao objetivo da conquista do tricampeonato. Além da raça, é notório para quem assiste as partidas o quanto esse time é sólido defensivamente, pois, dificilmente existe uma bola que elas não defendam, dificultem o ataque ou marquem no bloqueio. Na noite desta quarta, dia 12, no Maracanãzinho a vitória por 3 sets a 0 (25/17, 25/13 e 27/25) veio sem sustos, bem distante do pesadelo vivido nas primeiras rodadas de Londres 2012.

 

NATALIA E SHEILLA INFERNIZAM A VIDA DAS COREANAS

 

O primeiro ponto foi um aperitivo do se projetava para a partida. A defesa das duas equipes trabalhou muito, mas a ponteira Kim, terceira maior pontuadora do torneio, cravou o primeiro ponto do jogo. As primeiras bolas foram extremamente disputas e, logo no início, a levantadora Dani Lins passou a distribuir todo seu repertório de bolas. No primeiro terço do set dois aces, um de Sheilla e outro de Natalia, não deixaram a Coreia se desprender no placar. As brasileiras passaram a marcar as jogadas de rede das asiáticas, aumentaram o aproveitamento no bloqueio que passou a tocar em praticamente todas as bolas e com grande atuação de Natalia, que estava impossível na partida, abriu quatro pontos de vantagem. Com uma força de ataque que desestabilizava qualquer passe e recepção das oponentes, a ponteira brasileira seguia virando todas as bolas e marcando ponto em cima de ponto. Quando o placar apontava 22 a 17, Sheilla pediu um toque no bloqueio em uma bola que o árbitro havia marcado bola coreana. O técnico Zé Roberto solicitou o desafio eletrônico, comprovando que a bola havia tocado na jogadora asiática, confirmando o vigésimo terceiro ponto brasileiro. As meninas do Brasil não deixaram mais as adversárias pontuarem e no saque de Natália fecharam o primeiro set em 25 a 17.

 

DONAS DA CASA ACERTAM A MÃO E DOMINAM SEGUNDO SET; KIM VAI PRO BANCO

 

A segunda passagem começou como terminou a primeira, com ponto de Natalia no bloqueio da bola rápida coreana no meio da rede e com outra troca de pontos constante. Um ponto pra lá, uma bola pra cá, repetindo o set anterior. Mais uma vez, as atletas trocavam muitas bolas, porém, o volume de jogo do time da casa desestabilizou as coreanas que passaram a ter muitos problemas na recepção e nos contra ataques. Dani Lins soltava o jogo para Natália que atacava de todas as formas. No meio de rede, nas pontas, de trás da linha de três metros, a menina estava endiabrada para azar das asiáticas. Zé Roberto aproveitou a vantagem de sete pontos e colocou a central Thaisa, que acabou de se recuperar de uma lesão na panturrilha, para jogar e ganhar ritmo de jogo. Na substituição de que virou rotina nas Olimpíadas do Rio, o técnico brasileiro colocou Fabíola e Gabi no lugar de Sheilla e Dani Lins. Mas as meninas quase não jogaram. As coreanas erraram um ataque e a seleção brasileira fechou o segundo set em 25 a 13 em uma das passagens mais fáceis do da competição até o momento. A coisa era tão crítica para as coreanas que, além de perderem os dois desafios eletrônicos que solicitaram, sua principal jogadora, a ponteira Kim, foi sacada do time por causa do volume de bolas que as atletas brasileiras passaram a jogar em cima dela, forçando seus erros e marcando seus ataques.

 

ASIÁTICAS TENTAM DIFICULTAR A PARTIDA, MAS BRASIL VENCE COM GRANDE ATUAÇÃO DE DANI LINS

 

O terceiro set começou com o time da casa apertando as asiáticas para encerrar logo o confronto e passar a pensar exclusivamente nas Russas. A vontade do time brasileiro era tão grande que em um dos ataques verde e amarelo, a oposta Sheilla não consegui parar e acabou tocando na rede. Dani Lins seguia sua missão de variar a distribuição de bolas e, com isso, livrava os ataques brasileiros dos bloqueios. A levantadora estava tão bem no set que até quando o passe saia quebrado da mão da líbero, Dani consertava, às vezes com levantamento de uma mão, isso quando não colocava a bola para o lado coreano no segundo toque e pegava toda defesa desmontada, conquistando mais pontos para o Brasil. Natalia e Sheylla perderam rendimento, o que equilibrou a partida. Jaqueline saiu do banco para encaixar uma bela sequencia de saques, que deu uma vantagem de quatro pontos para as brasileiras, pela primeira vez no set. Novamente, a coletividade do time e a qualidade das reservas brasileiras se impuseram e a vantagem no placar aumentou. Porém, as bicampeãs olímpicas vacilaram e as coreanas aproveitaram os seguidos erros das comandadas de Ze Roberto Guimarães e viraram o fazendo 23 a 22. Mas que tem Jaqueline não passa aperto. A ponteiro segurou o ataque das asiáticas com o bloqueio simples. Na sequência, acertou um saque venenoso e colocou o Brasil na frente outra vez, fazendo o vigésimo quarto ponto. As asiáticas reagiram e evitaram por duas vezes que as brasileiras fechassem a partida, mas com um bloqueio espetacular de Thaisa, as donas do pedaço fecharam o set em 27 a 25 e a partida em 3 sets a zero.

 

Após a partida, Fabiana falou sobre a coletividade do grupo brasileiro e mostrou preocupação com o encontro com a Russia, no próximo domingo.

 

- O Zé Roberto Guimarães sempre fala que um bom time começa com uma boa defesa. Que é em uma boa defesa que a gente vê o espírito de uma equipe e estamos fazendo isso. Aqui não tem bola perdida. É incrível como todas as meninas estão se entregando. Estamos correndo muito atrás disso. Agora, temos a Russia, no domingo. É um jogo diferente, com bolas mais altas. Com a Kosheleva no time, a partida muda bastante. Elas atacam qualquer bola. Vai ser um jogo de paciência que teremos que atacar muitas bolas para fechar os pontos. Temos que começar sacando muito bem e equilibrando a defesa para vencer o jogo e terminar em primeiro lugar no grupo – frisou a central.

 

Dani Lins comentou o choque que teve com a líbero Leia, ainda no primeiro set da partida, e como é jogar ao lado de Natália.

 

- Nossa, o choque foi muito forte. Mas foi forte demais. É por isso que tá doendo até agora. E está doendo muito. Mas o importante é a bola não cair. Se agente tiver que se machucar para a bola subir, a gente se machuca. O importante é evitar o ponto das adversárias. Até falei para Leia que ela deu muito azar. Bateu uma vez em mim e outra na Natalia. Assim, ela sai sempre machucada. A Natália tem um físico incrível e é muito forte. A gente sempre brinca com ela falando que ela gosta é de bola estourada, que é a melhor que tem. Sorte nossa jogar do lado dela – brincou a levantadora brasileira.

 

As meninas de ouro do Brasil voltam ao Maracanãzinho, às 22h35m, do domingo, dia 14, quando enfrentam as russas na decisão do primeiro lugar do grupo A.

 

FICHA TÉCNICA:

 

Brasil 3 x 0 Coreia do Sul

Local: Ginásio do Maracanãzinho

Data: 12 de agosto de 2016 (sexta)

Horário: 22h35m (de Brasília)

 

Centrais

Adenízia

Fabiana

Juciely

Thaisa

 

Levantadoras

Dani Lins

Fabíola

 

Libero

Léia

 

Oposta

Sheilla

 

Ponteiras

Fê Garay

Gabi

Jaque

Natália

 

Técnico: José Roberto Guimarães

  MEDALHA OURO PRATA BRONZE TOTAL
   PAÍS
1 E.U.A 46 37 38 121
2 GRÃ-BRETANHA 27 23 17 67
3 CHINA 26 18 26 70
4 RÚSSIA 19 18 19 56
5 ALEMANHA 17 10 15 42
6 JAPÃO 12 8 21 41
7 FRANÇA 10 18 14 42
8 CORÉIA DO SUL 9 3 9 21
9 ITÁLIA 8 12 8 28
10 AUSTRÁLIA 8 11 10 29
11 PAÍSES BAIXOS 8 7 4 19
12 HUNGRIA 8 3 4 15
13 BRASIL 7 6 6 19
14 ESPANHA 7 4 6 17
15 QUÊNIA 6 6 1 13
16 JAMAICA 6 3 2 11
17 CROÁCIA 5 3 2 10
18 CUBA 5 2 4 11
19 NOVA ZELÂNDIA 4 9 5 18
20 CANADÁ 4 3 15 22
21 UZBEQUISTÃO 4 2 7 13
22 CAZAQUISTÃO 3 5 9 17
23 COLÔMBIA 3 2 3 8
24 SUÍÇA 3 2 2 7

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