Na trave! Larissa e Thalita lutam, mas medalha de bronze fica com as americanas

Brasileiras não resistem ao volume de jogo de Walsh e Ross, perdem por 2 a 1 e terminam Rio 2016 no quarto lugar

 

O sonho da medalha olímpica na Rio 2016 ficou pelo caminho para Larissa e Thalita. Mesmo saindo na frente e vencendo o primeiro set, a dupla brasileira não resistiu à qualidade técnica das americanas Kerri Walsh / April Ross e foi derrotada por dois sets a um (21-17 e 17-21 e 09-15) na noite desta quarta, na Arena de Copacabana. As brasileiras não se entregaram em nenhum momento. Afinal, enquanto há vida, há esperança. Como o que é bom deve ser copiado, começaram arrasadoras, repetiram a estratégia de Agatha e Barbara na semifinal e forçaram o saque em cima de Walsh, deixando a tricampeã olímpica desconcertada. Certamente, passou pela cabeça da “rainha” o filme da véspera, quando foi anulada pela outra dupla daquele país que ousou desafiar os seus domínios. Após a retumbante derrota do dia anterior, alguém como Kerri Walsh Jennings jamais deixaria outras intrusas ultrapassassem as cercanias de seu reinado.

 

Diz a sabedoria popular que o rei não perde a majestade e foi exatamente o que vimos. “The Queen”, como é conhecida em seu país, recuperou o brilho nos olhos e voltou a fazer aquilo que se propôs antes das Olimpíadas. Se divertir! Em outros tempos, os reis erguiam muros para proteger sua terra do ataque inimigo. Walsh fez mais. Ela era a própria muralha construída com milhares de grãos de areia e que não deixaria a artilharia adversária tocar o solo de seu reino sagrado. Proprietária do maior tesouro de outras épocas, a americana deu um grande exemplo de quão dura é a disputa em uma batalha como essa. Afinal, havia acabado de expandir seu reino por uma região totalmente desconhecida e qual nenhuma das guerreiras que atuou ao seu lado havia chegado. Apesar de não possuir tantas riquezas como outras conquistas, a terra que reflete o bronzeado da pele no sorriso que se sobrepõe à dor da perda recente tem a capacidade de ensinar até para a maior rainha de todos os tempos que importante não é conquistar para ser feliz. É ser feliz com o que se conquista.

 

O JOGO

 

O primeiro ponto da partida foi brasileiro na virada de bola de Talita. As brasileiras repetiram a estratégia utilizada por Agatha e Bárbara na semifinal, forçando os saques em cima da tricampeã olímpica Walsh Jennings. Se na partida anterior a americana foi surpreendida pela tática das brasileiras, no jogo de hoje pareceu estar bem preparada para não cair na mesma armadilha e, em contrapartida, passou a forçar o saque em cima da brasileira Talita que também sofreu na semifinal. As duas duplas jogavam bem e trocavam bolas sem cometer muitos erros. A dupla da casa abria um ponto e as visitantes empatavam, o que persistiu até o intervalo dos primeiros vinte e um pontos, com 11 a 10 para as donas da casa. Após o intervalo, Talita contra-atacou em uma bola de segunda e conseguiu abrir mais um ponto de vantagem para as brasileiras que aumentavam o volume de bloqueio em cima de Walsh. Muitas vezes a americana precisava da segunda bola para virar o ponto. O jogo ficou mais disputado. O volume de defesas aumentou nos dois lados.  A pressão subiu. A vida da tricampeã olímpica não estava nada fácil. Primeiro, atacou na rede. Depois, atacou para fora. Em seguida, foi bloqueada por Talita e a vantagem brasileira subiu para cinco pontos. O bloqueio brasileiro estava muito consistente, assim como o saque da dupla da casa. Por diversas vezes, as brasileiras passavam a bola no segundo toque para poder bloquear depois. Walsh passou uma bola curta, Talita pegou e Larissa colocou no chão, fazendo o vigésimo ponto brasileiro. Talita empurrou a bola no fundo de quadra e fechou o primeiro set em 21 a 17. Largando na frente na disputa pela medalha de bronze.

 

A segunda passagem começou com uma pegada diferente das americanas. Se perdessem o set, os Estados Unidos ficariam sem medalha no vôlei de praia feminino, o que não acontecia desde Sidney 2000. Larissa e Talita mantiveram a concentração do primeiro set e seguiam com a tática de sacar em cima da americana Walsh, que mais uma vez se mostrava incomodada com a estratégia das brasileiras. Ross se movimentava para mudar a distribuição de jogo e a primeira parte da parcial caminhava com os dois pontos de vantagem para a brasileira. O saque de Talita fundiu a cuca das americanas que bateram cabeça e permitiram que as as oponentes abrissem três pontos na dianteira do placar. Após a parada técnica dos primeiros vinte e um pontos, Walsh e Ross reagiram. Conseguiram dois contra-ataques seguidos e depois de salvarem uma bola fantástica, quase nas arquibancadas, viraram o placar e passaram à frente. As brasileiras pararam o jogo solicitando o tempo técnico, mas as americanas começaram a gostar da partida e passaram a impor sua qualidade tática e técnica. Ross defendia todas as bolas no fundo de quadra e Walsh acertava a mão no ataque. A dupla da tricampeã olímpica abriu quatro pontos de vantagem e ficou perto do empate. As brasileiras reagiram, fizeram dois pontos e as americanas pararam a partida para esfriar a dupla da casa. No contra ataque, Ross cravou a bola na paralela e devolveu o placar do primeiro set, fechando em 21 a 17 e empatou a partida em um a um, levando a decisão do bronze para o set de desempate.

 

O tie-break começou com ponto americano, mas as brasileiras empataram. Certamente, seria um set nervoso para ambas. As donas do pedaço viraram para três a dois e Walsh foi reclamar com o arbitro de um ataque falso, mas como Talita não saiu do chão, o juiz não marcou a infração. A dupla da casa passou a bola de graça para as visitantes que atacaram para fora. A dupla americana deu um contra ataque para as brasileiras que devolveram a gentileza do ponto anterior e também atacaram para fora. Mais uma vez, a dupla do Brasil errou a bola de contra ataque. Walsh e Talita travaram um duelo épico na rede, com a disputa de três bolas para cada lado e que a americana colocou no chão, virando o jogo e passando a frente no placar. Foi a senha para o crescimento da “rainha”. Larissa e Talita pararam o jogo no tempo técnico. Na volta, ponto americano. A tricampeã olímpica se agigantou e passou a dominar os ataques de rede e os bloqueios nas investidas das adversárias, aumentando a diferença no placar para dois pontos. No momento decisivo foi a vez de Ross aparecer na partida. A levantadora americana fintou a defesa brasileira e cravou duas bolas na areia do Brasil. Talita recebeu na ponta de rede e parou no bloqueio de Walsh que, na jogada seguinte, pegou o ataque de Larissa, fechando o set em 15 a 9, a partida em dois sets a um e conquistando a medalha de bronze. 

  MEDALHA OURO PRATA BRONZE TOTAL
   PAÍS
1 E.U.A 46 37 38 121
2 GRÃ-BRETANHA 27 23 17 67
3 CHINA 26 18 26 70
4 RÚSSIA 19 18 19 56
5 ALEMANHA 17 10 15 42
6 JAPÃO 12 8 21 41
7 FRANÇA 10 18 14 42
8 CORÉIA DO SUL 9 3 9 21
9 ITÁLIA 8 12 8 28
10 AUSTRÁLIA 8 11 10 29
11 PAÍSES BAIXOS 8 7 4 19
12 HUNGRIA 8 3 4 15
13 BRASIL 7 6 6 19
14 ESPANHA 7 4 6 17
15 QUÊNIA 6 6 1 13
16 JAMAICA 6 3 2 11
17 CROÁCIA 5 3 2 10
18 CUBA 5 2 4 11
19 NOVA ZELÂNDIA 4 9 5 18
20 CANADÁ 4 3 15 22
21 UZBEQUISTÃO 4 2 7 13
22 CAZAQUISTÃO 3 5 9 17
23 COLÔMBIA 3 2 3 8
24 SUÍÇA 3 2 2 7

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